sexta-feira, 28 de maio de 2010

Finanças: o “coração” da empresa – Parte II


Principalmente, aos que já são pais, costumo dizer que administrar o próprio negócio é como criar um filho. Se você o planeja antes de por no mundo, é mais suscetível a acertos do que erros. O mesmo acontece se acompanha de perto, sem deixar nas mãos dos outros. E, mesmo assim, pode passar por insucessos, mas não porque deseja, e sim por desconhecer como lidar com algumas situações.

Outro alerta que sempre recomendo aos empresários é com relação às despesas pessoais, sobre não misturar a pessoa física com a pessoa jurídica – o que, infelizmente, é bastante comum em se tratando de micro e pequenas empresas brasileiras. O “João da Silva” – pessoa física – tem uma carteira em seu bolso (aqui não importando se nela contém dinheiro ou não). Já, o “João da Silva Ltda.” – pessoa jurídica – tem um caixa. E dali não se deve subtrair sequer um centavo para cobrir despesas da carteira do João da Silva, que já tem um pró-labore (salário do dono) para pagar as despesas particulares.

No artigo anterior, abordei o item despesas de uma forma generalizada. Entretanto, faz-se necessária sua subdivisão e conceituá-las: despesas fixas e despesas variáveis.

As despesas fixas independem das vendas, ou seja, vendendo ou não o empresário vai ter que pagá-las. Diante disso, elas devem ser adequadas às reais necessidades da empresa. Podem ser exemplificadas em salários, encargos, despesas com o Contador, pró-labore, manutenção, energia elétrica, água, telefone, internet, aluguel, etc.

Contrariamente às despesas fixas, as despesas variáveis dependem das vendas. Ou melhor: variam proporcionalmente aos valores das vendas realizadas. Quanto mais vendo, mais ganho. Quanto mais vendo, mais lucro. São exemplos as comissões dos vendedores, os impostos sobre as vendas – sejam federais, estaduais ou municipais.

O lucro líquido é o que sobra das vendas, deduzindo-se todas as despesas e custos das mercadorias/produtos/serviços vendidos.

A lucratividade é calculada dividindo-se o lucro líquido pelo valor das vendas. Já, a rentabilidade, dividindo-se o lucro líquido pelo valor de investimentos. Portanto, para valer a pena de se manter uma empresa com portas abertas, a lucratividade tem que ser maior que a rentabilidade.

Para se determinar o valor do preço de venda, deve-se sempre considerar:
  • a recuperação dos custos das mercadorias/produtos/serviços vendidos
  • a cobertura das despesas variáveis
  • a cobertura, através do volume adequado de vendas, de todas as despesas fixas
  • o lucro, a fim de remunerar o capital investido e fazer com que a empresa cresça
  • a competitividade em relação aos preços da concorrência, agregando valores, tais como excelência no atendimento, localização do ponto, embalagem.
A margem de contribuição é a diferença do preço de venda com os custos das mercadorias/produtos/serviços vendidos menos as despesas variáveis. Saber o valor da margem de contribuição é fundamental para avaliar as atividades operacionais – despesas, custos, preço de venda, volume, mix de produtos – para planejar ações futuras, como estabelecimento de objetivos e de metas e estratégias para gerar o lucro e cobrir as despesas fixas.

O ponto de equilíbrio é o valor mínimo de vendas que a empresa deve realizar para pagar todos os custos e despesas. Ele permite ao empresário estabelecer o volume de vendas mínimo e ter a expectativa do lucro.

Mensalmente, o empresário tem que realizar o demonstrativo de resultados, para apurar se está tendo lucro ou prejuízo. Diante disso, sua capacidade gerencial deve ser desenvolvida constantemente, permitindo o domínio sobre seu negócio e, consequentemente, a competitividade no mercado.

Ter conhecimento de todos esses conceitos e suas implicações faz parte da gestão financeira, que é o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras de uma empresa onde, por meio de ações administrativas, objetiva maximizar as vendas e o lucro e minimizar as perdas. Portanto:
  • atenção para o desperdício de mercadorias/produtos/serviços e materiais em estoque
  • cuidado ao estabelecer o pró-labore e cumprir com o que foi determinado
  • analise frequentemente a empresa, registrando o que acontece de positivo e negativo, buscando melhorar sempre e corrigir erros.
De imediato, não me recordo se já citei isso, mas, de qualquer forma, vale lembrar: ter o próprio negócio é como ter um filho: não vem com manual de instrução, termo de garantia e nem prazo de validade. Entretanto, a responsabilidade é toda sua!

Este artigo, de autoria de Adria Norma Riedo, é da série elaborada para a coluna semanal “Geração Empresa” do Jornal Tribuna Liberal, de Sumaré – SP, publicado em 23/11/2008.

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